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Como a 'pisadinha' do Nordeste virou fenômeno da música popular

Clipe de "O Povo Gosta é do Piseiro", de Eric Land e Zé Vaqueiro - Reprodução
Clipe de "O Povo Gosta é do Piseiro", de Eric Land e Zé Vaqueiro Imagem: Reprodução

GG Albuquerque

Colaboração para o TAB

21/12/2019 04h00

De vocalista da banda de forró Garota Safada, o cearense Wesley Safadão tornou-se um astro do pop brasileiro. Deixou a sanfona de lado para incorporar influências de todos os gêneros musicais, faz parcerias com artistas com Kevinho, canta em arenas lotadas e até em cruzeiro temático próprio.

Desde que deixou o Aviões do Forró em 2017, Solange Almeida também investiu pesado numa carreira mais pop, estabelecendo parcerias além-Nordeste, visando um mercado nacional mais amplo cantando com Anitta, Ivete Sangalo, Tiago Iorc e até padre Fábio de Melo.

Mas o fervo do forró não vem dos estúdios com tecnologia de ponta. A pisadinha é uma variação do gênero feita somente com voz e teclado, em produções caseiras. Também conhecido como "piseiro" (uma referência ao local onde se dança a pisadinha), o ritmo surgiu no interior do Nordeste e começa a disputar espaço no cenário nacional. Maior expoente da onda, Os Barões da Pisadinha têm 30 shows marcados só em dezembro de 2019 e vão ar por quatro das cinco regiões do Brasil — só não vão tocar no Sul.

Amúsica com mais visualizações no YouTube é "Tá Rocheda", uma versão da banda paraense A Loba, que acumula 73 milhões de views em apenas sete meses e foi trilha sonora de um vídeo do jogador Neymar em Paris.

A banda foi formada há quatro anos por Rodrigo Barão (voz) e Felipe Barão (teclado) no município de Heliópolis, na Bahia. Antes, ambos tocavam em bandas de forró que não foram para a frente. Decidiram então formar a dupla e ar para a pisadinha. "As influências da gente são Wesley Safadão, Raí Saia Rodada e Gusttavo Lima, mas a gente faz tudo na nossa roupagem, com a nossa cara, do nosso jeito", afirma Rodrigo.

Depois de percorrer muitos barzinhos e casas de shows no interior da Bahia, os Barões estouraram com a música "Chupadinha" e bateram a marca de 1 milhão de ouvintes mensais no Spotify. O sucesso rendeu um contrato com a Sony Music e levou a banda a se profissionalizar — "Tá Rocheda" nem havia sido publicado no canal do YouTube da banda. O novo single com apoio da gravadora, "Quem Me Colocou Pra Beber", teve até clipe.

Criado em 2011, o Sua Música é um serviço gratuito de streaming e que se tornou referência no meio de gêneros populares como arrocha, forró, funk e brega. Atualmente, dos 20 CDs mais ouvidos do mês na plataforma, sete são de pisadinha.
Junior Vidal é gerente de contas do Sua Música e atende principalmente os artistas da pisadinha que querem turbinar a distribuição digital de seu trabalho.

Ele diz que o site vem trabalhando mais de perto com artistas da pisadinha desde outubro de 2018, época do viral #ChallengeNordeste, do cantor Gilvan Silva. "Produzimos o vídeo com o pessoal da vila do Carlinhos Maia (influencer de Peneno, em Alagoas). Esse clipe bombou, entrou nos vídeos em alta do YouTube. E a partir daí a gente começou a notar que existia algo diferente na pisadinha. Foi quando produzimos os clipes da banda Pisadinha de Luxo e notamos uma também uma resposta diferente", explica. O Sua Música produziu ainda o clipe de "Solinho Agressivo", um dos principais hits do piseiro, cantada por Anderson e o Véi da Pisadinha.

Um teclado e uma copiadora de CDs

Como na maioria dos fenômenos populares, é difícil dizer com exatidão como a pisadinha começou, mas os músicos convergem e citam o cantor e compositor Nelson Nascimento como o criador do estilo. Do município de Monte Santo, na Bahia, ele lançou em 2004 o CD "O Rei da Pizadinha Volume 1". "A pisadinha surgiu em 2002, foi quando comecei a bolar esse ritmo no teclado. Aí em 2004 eu gravei um CD caseiro lá em Monte Santo e a coisa começou a andar. Foi criando uma repercussão muito grande na cidade", conta Nelson.

Só com voz e teclado, o álbum de 13 faixas foi gravado na casa de um amigo que tinha um computador e uma copiadora de CDs piratas. "A gente ia distribuindo. ava os camelôs e a gente deixava um, depois ia numa banquinha e deixava mais dois, três."
A estética dos teclados estava em emergência na virada da década de 1990 para os anos 2000 com uma nova geração de músicos nordestinos, de diferentes gêneros musicais.

Barões da Pisadinha - Divulgação - Divulgação
Barões da Pisadinha
Imagem: Divulgação

A gravadora Gema Produções, que já tinha em seu catálogo ícones do brega como Waldick Soriano, lançava os primeiros álbuns de Zezo, o Príncipe dos Teclados, e Lairton e Seus Teclados (com o hit "Morango do Nordeste", em 1999). Para Junior Vidal, o teclado tornou-se popular devido a sua versatilidade. "Os músicos acabam achando no teclado a solução para tudo. Eles conseguem programar bateria, sanfona, várias coisas. Assim eles reduzem a banda dele e diminuem os custos", analisa.

Diante desse cenário, Nelson fez de tudo para criar algo que o destacasse. "ei seis meses pesquisando no teclado para tentar inovar. Encontrei o som de uma caixinha eletrônica, que foi o que deu o diferencial no ritmo. Ninguém usava aquele som", lembra. "A pisadinha é um ritmo eletrônico que o pessoal do Nordeste conhece como xote, um tipo de forró. Eu peguei a caixa eletrônica que vem do pagodão da Bahia e fiz uma mistura que ficou com esse ritmo eletrônico dançante."

Em 2006, Nelson Nascimento deixou Monte Santo para trabalhar em São Paulo, onde regravou "O Rei da Pizadinha" com mais e tecnológico. "Fui com mais seis pessoas da Bahia e a gente não tinha muita grana. Ficamos dividindo aluguel com um colega que morava em Taboão da Serra, oito pessoas na casa."

Clipe de "O Povo Gosta é do Piseiro", de Eric Land e Zé Vaqueiro - Reprodução - Reprodução
Clipe de "O Povo Gosta é do Piseiro", de Eric Land e Zé Vaqueiro
Imagem: Reprodução

Apesar do aperto no início, a carreira engrenou em São Paulo. Gravou o primeiro DVD em Guarulhos e tinha agenda cativa no Centro de Tradições Nordestinas. A coisa deslanchou em 2013, quando Gusttavo Lima cantou a música "Fazer Beber" ao lado de Neymar (ele de novo). "Nosso público é o povão. A força mesmo é o nordestino, o pessoal mais simples que vai para São Paulo trabalhar", diz Nelson, que voltou para Monte Santo em 2015 e continua fazendo shows.

Festa do interior

Além da simplicidade dos arranjos, a vida e as festas no interior são uma marca fundamental nas letras e nas imagens da pisadinha. "A galera do interior/ É foda/ Bora tomar uma/ Que pra curtir não tem hora", cantam os Barões da Pisadinha em "Galera do Interior". No clipe de "Rei do Piseiro (Joga Água)", o cenário é o sertão nordestino (com árvores secas e terra vermelha) e o cantor Vitor Fernandes pega carona numa carroça puxada por um jegue para chegar a uma festa.

Na música "O Povo Gosta é do Piseiro", Eric Land e Zé Vaqueiro retratam a dança que levanta poeira e afirmam: "forró pra ser bom tem que ser do interior". "O ritmo surgiu da simplicidade dos interiores, dos distritos, das divisas. Como é uma cidade não tão desenvolvida, a festa era só um cantor e um tecladinho. O cantor tocava a pisadinha, a galera se animava, a poeira subia", explica Eric Land. Agora o ritmo ou a se misturar com uma linguagem urbana do funk, com termos como "novinha" e "rabetão". Tem até um "Piseiro Rave" e um "Brega Funk Com Piseiro".

Eric Land é de Fortaleza, tem cinco anos de carreira e faz parte da WS Shows, empresa que agencia a carreira de Wesley Safadão e Aldair Playboy. Com o CD "Promocional 2019.4", focado na pisadinha, ele obteve a maior projeção de sua trajetória até então. Tem até um "Rave Piseiro". Mas, para Eric, o sucesso não se deve apenas à adoção da pisadinha. "Não é questão de ritmo, é da música em si. Quando você faz uma música que toca as pessoas, que elas se identificam, você vai aumentar o seu público. A nossa música que foi divisor de águas foi 'O Povo Gosta é do Piseiro' justamente porque fala do povo. E quando fala do povo é mais forte, vai mais adentro."

Junior Vidal confirma que a maioria das buscas por pisadinha dentro do Sua Música vem do interior do Nordeste, principalmente nos estados do Ceará, Bahia e Piauí. "Geralmente esse público é o que está ligado no Sua Música porque busca uma opção gratuita de escutar música. Muitas vezes o 3G dele não permite ficar ouvindo música online, então ele prefere baixar e ouvir offline", pontua.

Da pirataria às gravadoras

A pisadinha nasceu à margem dos grandes estúdios, mas as grandes gravadoras e artistas de projeção nacional já estão incorporando essa música periférica rural.

Os Barões da Pisadinha am contrato com a Sony Music. Raí Saia Rodada, veterano do forró eletrônico, fechou com a Som Livre em abril de 2019 e lançou as músicas "Filho do Mato" e "Eu Acho Que Não" (sobre o orgulho das origens da roça e de ser filho de vaqueiro) e "Bebe Vem Me Procurar" (uma versão piseiro, com voz e teclado, de um música que fora gravada originalmente em reggaeton pelo sertanejo Manutti, do Mato Grosso do Sul).

Outro contratado da Som Livre, Mano Walter, que foi indicado ao Grammy Latino em 2019, é natural de Quebrangulo, Alagoas, e adotou a pisadinha em "Monta Logo Vai". Paraense radicada em Fortaleza, Márcia Fellipe reuniu Barões, Zé Vaqueiro, Vitor Fernandes e outros representantes da cena no CD "Piseiro, Churrasco e Paredão", o terceiro álbum mais ouvido no Sua Música em dezembro.

Márcia tem um olhar atento para as novas tendências. Em 2017, regravou o brega funk "Vai Descendo", do pernambucano MC Troia. No ano seguinte uniu-se a Jerry Smith em "Quem Me Dera", feita no estilo batidão romântico de João Pessoa. Agora, ela aposta na pisadinha: "Acredito muito que vai estourar em todo país".

"O interior do Nordeste começou a ditar algumas tendências e a pisadinha é uma delas", diz Junior Vidal. "As bandas de porte nacional com apoio de uma gravadora têm que alcançar um público maior, então gravam músicas mais pop. Mas também têm a preocupação de manter o mercado local, então elas acompanham as tendências regionais."