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'Tratorista Virtual' garante renda com lives jogando game de fazenda

Jairo Luiz Castaldeli, o Madal, e sua filha no Dia dos Pais de 2020 - Arquivo pessoal
Jairo Luiz Castaldeli, o Madal, e sua filha no Dia dos Pais de 2020 Imagem: Arquivo pessoal

Giacomo Vicenzo

Colaboração para o TAB

09/02/2021 04h01

São 5h da manhã quando o sol, ainda tímido, traz luz para um novo dia. Já montado em seu trator está Jairo Luiz Castaldeli, 50, que encara um campo inteiro de soja. O modão estourando na caixa de som e a fumaça do diesel queimado sobem enquanto ele cumprimenta os mais de 200 espectadores que acompanham sua rotina de homem do campo.

O trator e a fazenda são virtuais e fazem parte do "Farming Simulator 19", um jogo de simulação de fazenda. Por trás da tela e do volante (este sim é real e próprio para jogos de computador) está Castaldeli, mais conhecido como Madal, que desde março de 2020 tem apostado na ideia de ser um fazendeiro virtual. Ele transmite as suas experiências no jogo por lives do Facebook.

O apelido foi dado por um amigo devido a sua estatura — é referência a um modelo de caminhão guindaste, usado para mover grandes cargas. Mas é em um quartinho partido ao meio por um fundo verde de tecido que Madal aperta os seus 1,80 metro de altura para criar o ambiente da fazenda de hectares que se perdem no horizonte.

"Juntei canos para montar uma espécie de esquadro e revesti com este pano verde. É simples, não é profissional, mas dá para o gasto", diz, enquanto eia pelo quarto, em chamada de vídeo com TAB.

Saída na pandemia

O pequeno cômodo ao fundo de sua residência era usado para manutenção de microcomputadores de clientes de Madal nos últimos 13 anos — mesmo tempo em que mora na cidade de Iguatu, no Ceará. Com a pandemia, os serviços diminuíram e o medo de se infectar forçou o técnico a encerrar as atividades.

"Eu fazia manutenção de amigos, parentes, conhecidos, e eles me divulgavam. A clientela caiu e fiquei com medo. Sou do grupo de risco e não posso me expor. Tenho bronquite asmática, sinusite e rinite. Se eu pegar é caixão", afirma.

Trechos da live de Madal, o tratorista virtual - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Trechos da live de Madal
Imagem: Arquivo pessoal

Madal é natural de terras que têm fazendas na vida real. Nasceu em Rondonópolis, em Mato Grosso, onde morava com sua mãe, mas a profissão que exercia também era distante das largas plantações de soja ou algodão. "Trabalhava em um hospital. Fazia de tudo. Fui recepcionista, porteiro e maqueiro. No meu horário de folga, comecei a mexer com manutenção de computadores."

Os jogos o conquistaram depois dos 40 anos, quando já morava no Ceará com a esposa. "Sempre arrumava os computadores do pessoal e me pediam para colocar games, mas eu não conhecia nenhum. Fiz o de um simulador de caminhão para um cliente e foi aí que comecei a gostar", comenta.

Foi em 2020 que a brincadeira começou a virar serviço para Madal. Desde março, ele a cerca de seis horas por dia transmitindo seus vídeos — que chegam até 14 mil visualizações por conteúdo. Com mais de 42 mil seguidores, a primeira live sempre começa por volta das 5h, sem falha, com a pontualidade de quem tem de cuidar de um campo de verdade. Mas, no caso dele, em vez de ver as culturas de plantações crescendo, o interesse é nos espectadores.

Colheita virtual, lucros reais

"Comecei a pesquisar o horário e reparei que nesse período [5h] há pouca gente fazendo lives, principalmente desse tipo de jogo. Então, é mais fácil de conseguir uma turma para assistir", observa Madal.

É na primeira transmissão do dia que Madal mais joga, por cerca de três horas. As outras são feitas à tarde e no começo da noite, com jogos que variam entre o simulador de fazenda, um simulador de caça e outro de simulação de caminhão. Mas quem determina quanto tempo ele vai jogar é a quantidade de público.

Live de Carlos José, o Eclypse - Facebook/Reprodução - Facebook/Reprodução
Live de Carlos José, o Eclypse
Imagem: Facebook/Reprodução

"Quando tem mais gente na live, é maior a chance de ganhar as estrelas do Facebook, que são doadas por quem está assistindo. Essas estrelas são convertidas em dinheiro real para mim. Mas só posso sacar quando completar 10 mil", explica ele.

TAB questionou o Facebook sobre como funciona o processo de monetização. "Entre as opções que oferecemos para que os gamers ganhem dinheiro, está o Facebook Estrelas, um recurso que permite aos fãs apoiar seus criadores favoritos, adquirindo Estrelas [por dinheiro real] durante transmissões ao vivo. Depois, elas são revertidas em dinheiro para o criador", explicou a empresa.

Fãs também podem para que possam apoiar seus criadores favoritos, com pagamentos mensais, tendo o a vantagens como conteúdos exclusivos, grupo de apoiadores, adesivos personalizados e selo de apoiador.

Apesar de estar há pouco mais de 10 meses fazendo lives, o primeiro dinheiro que Madal recebeu dos seus esforços foram nos últimos três meses e o valor variou entre R$ 800 e R$ 1.100. Recurso que tem auxiliado nas despesas da casa em que mora com a filha de 13 anos e com a esposa, professora de ensino infantil da rede municipal, que tem a maior parte da renda. Assim como Madal, ela consegue manter a quarentena rigorosamente, trabalhando de forma remota.

Público, preconceito e rede de apoio

Botar a cara na câmera e transmiti-la ao mundo também atraiu comentários maldosos. "Sofri preconceito por causa da minha idade. O pessoal fala para eu ir trabalhar, que isso não é coisa para mim, mas sim para guri", lembra. Madal analisa que seu público, no geral, é um pouco mais velho — e acredita que os jovens estão mais ligados em jogos de tiro e ação.

Segundo o Facebook, o Brasil está entre os cinco países que mais consomem streamings de games. Os jogos no estilo "Battle Royale", que misturam lógicas de batalha e sobrevivência, geram muitas conversas na rede. As visualizações de streamings no país cresceram 61% em julho de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.

De acordo com a empresa, os três jogos mais transmitidos são "Free Fire - Battlegrounds", "Grand Theft Auto V" e "Call of Duty: Warzone". Em todo o mundo, cerca de 200 milhões de usuários da plataforma assistem streamings de games e 380 milhões jogam e transmitem.

Live de Carlos José, o tratorista virtual - Facebook/Reprodução - Facebook/Reprodução
Live de Carlos José, outro 'tratorista virtual'
Imagem: Facebook/Reprodução

Antes de estrear suas lives no Facebook, Madal tentou outras plataformas, como o YouTube e o site de streaming Twitch. Sem sucesso, quem o encorajou a migrar de plataforma foi o seu amigo virtual paulistano Carlos José da Conceição, o Eclypse, que atua na rede como streamer do mesmo jogo de simulação de fazenda.

Conceição, assim como Madal, também já sofreu preconceito. Em conversa com TAB, seu primeiro pedido foi para que sua idade não fosse divulgada. "Sempre digo que tenho mais de 40 anos. Tenho um problema de formação congênita. Se você assistir à minha live, vai ver que tenho uma feição de uma criança, mas na verdade já sou adulto", desabafa.

Sofrendo de pressão alta e problemas de visão, Carlos, que mora com a mãe e a irmã há nove anos em Entre Rios, na Bahia, teve seu último emprego formal como técnico de manutenção de computadores, há mais de 10 anos. Acabou saindo do posto por causa dos problemas de saúde. Há quatro anos, faz lives no Facebook e garante alguma renda. "O preconceito das pessoas é complicado. Já ouvi muitas coisas em relação a isso. Nosso trabalho é digno como qualquer outro. Além de ter que fazer um conteúdo alegre e descontraído, muitos de nós não somos remunerados", comenta.

Carlos já conseguiu manter uma renda de até R$ 1.200 mensais, com as doações que recebe de apoiadores do seu canal. Com mais de 60 mil seguidores, recentemente foi integrado a um programa de parceria do Facebook e recebe uma quantia em dinheiro real pelas lives que faz. "Mas não ganho muito, e atualmente minha renda caiu porque o computador quebrou, fiquei um tempo sem fazer lives. Se não fosse pela minha mãe e irmã, estava frito", explica.

Além de ser incentivado a entrar na rede social por Carlos, Madal também criou uma espécie de rede apoio entre os jogadores. Eles combinam de fazer streamings compartilhados e evitam entrar no mesmo horário. "Assim, um não rouba público do outro. Já que é o mesmo game", explica o fazendeiro virtual.

As amizades virtuais também renderam ajuda na istração de sua página. O designer gráfico Nilson Machado, 46, de Apucarana, no Paraná, é quem verifica as mensagens recebidas. "Faz quatro meses que o acompanho. Fomos nos conhecendo e eu o tenho agora como um amigo de longa data", afirma Machado.

"Cada live são três horas. Converso com o público sobre muita coisa. Se todo mundo da minha idade tivesse essa oportunidade, poderiam ser muito mais ativos. Sem essa atividade, quantos amigos não deixaria de ter? Estou intercalando o mundo virtual com o real, tenho amigos até para desabafar, e isso é importante nesse momento", diz Madal.